sábado, 1 de outubro de 2011

Bandidos se escondem atrás das togas


01/10/2011 - Por Pedro Lessi* 

 As notícias vinculadas hoje (dia 28/09) no Jornal Folha de São Paulo caíram como uma bomba nos corredores do Conselho Nacional de Justiça – CNJ. Enfim alguém teve a coragem de falar declaradamente e com clareza as irregularidades e hipocrisia que insistem e que sentam junto a alguns dos mais respeitados magistrados deste País.
A corregedora nacional de Justiça – ministra Eliana Calmon, com mais de 30 anos dedicados à Justiça – provou que é uma dessas mulheres sem medo da verdade e tudo que os respeitados senhores detentores dos mais altos cargos da Justiça Brasileira teimam em esconder, ela com maestria e fidelidade ao seu papel profissional tratou logo de revelar.
A afirmação verdadeira da excelentíssima ministra diz que: “O primeiro caminho para a impunidade da magistratura, que hoje está com gravíssimos problemas de infiltração de bandidos estão escondidos atrás da toga”.
Obviamente, que essa afirmação soou como afronta aos seus colegas, mas se não fosse a mais pura realidade como explicar a Ação Direta de Inconstitucionalidade solicitada ao Supremo Tribunal Federal (STF) por parte da Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB – para que um limite aos poderes e a abrangência de investigação do CNJ pudessem ser impostos?
O CNJ ainda é um dos poucos órgãos que primam pela fiscalização coerente e justa às ações diretas dos ilustríssimos juízes e todo o Poder Judiciário, que por uma manobra do AMB por hora, fogem descaradamente desta vistoria da CNJ.
A palavra para a vergonhosa ação é CORPORATIVISMO – estão tentando proteger os desvios de conduta de juízes em todo o Brasil – um protegendo o outro!
O escândalo foi tanto que em uma convocação extraordinária, os Srs. Cezar Peluso (presidente do CNJ e também do STF), Ophir Cavalcante (presidente da Ordem dos Advogados do Brasil) e a corajosa ministra Eliana Calmon, foram chamados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para esclarecer a polêmica e apresentar seus argumentos durante uma audiência pública que se realizará no dia 05 de outubro.
Por aproveitamento ou por indignação muito políticos se manifestaram ao longo deste dia histórico em favor de Eliana Calmon e em contra partida o mesmo Sr. Cezar Peluso convocou uma sessão da Corte Magistral com uma nota de 12 dos 15 conselheiros do CNJ repudiando a atitude honrosa (e que todo brasileiro, independente de profissão ou posição social deveria ter) da ministra Calmon.
Todavia, um dos principais motivos para tal desespero do Excelentíssimo Peluso, certamente não foi a declaração sobre a sujeira por baixo das togas, mas sim a contundente revelação de Calmon a respeito do Tribunal Regional de São Paulo que, segundo a própria, não se deixa investigar e isso só será permitido quando “o Sargento Garcia prender o Zorro”. Que ironia, Sr. Cezar Peluso é oriundo justamente do Tribunal citado pela ministra.
Cabe aqui uma alusão engraçada, se não fosse tão trágica ao filme Tropa de Elite II, concorrente à vaga de representante ao Oscar. No filme, mais político do que policial, a corrupção nos altos poderes hierárquicos da Justiça (e o Judiciário muito bem representado na ficção) é denunciado com riqueza de detalhes. Será que a cúpula do AMB, do CNJ e do STF participou da consultoria laboratorial que habitualmente os artistas fazem antes de interpretar um personagem para a Sétima Arte?
Estranho mas a vida é uma cópia da arte ou vice-versa?
Agora não é hora de calar-se, cabe a população sair da inércia e parar com a conivência. AÇÃO!


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