quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Artigo do El País descreve um Brasil que só aceita a democracia


 
Em um artigo publicado no El País, Arias diz que o país quer ficar livre das prevaricações de muitas tentações políticas e populistas, como mostrou os protestos de junho do ano passado e este desejo coletivo não tem mais volta. "Hoje os brasileiros esmagadoramente não desiste dos valores democráticos conquistados e com dor e, por vezes, até mesmo sangue", diz o texto. O artigo relata que uma realidade que foi constatada agora é que o Brasil parecia um gigante adormecido, aceitou sem indignação todos os crimes e corrupção cometidos contra a democracia, mas hoje estão desiludidos com a política.
Arias diz que "Brasil perdeu a virgindade de sua adolescência" e só aceita viver agora em uma democracia. "O protesto contra a forma como os políticos agem, a decepção com o comportamento antiético, a ameaça de não votar em massa nas próximas eleições, desinteresse e menos desprezo pela democracia, mas um desejo de formas mais limpas significa mais participativa", destaca o texto. 
De acordo com Juan Arias, enquanto que em países como a Europa cresce um mal estar que tem levado à uma nostalgia pelo passado autoritário, com tentações anti-semitas, no Brasil acontece o inverso. "Eles [brasileiros] lutam para abrir maiores margens de democracia e de protestar contra as possíveis tentações do populismo. Brasileiros querem mais democracia, não menos", ressalta Arias.
O jornalista comenta das conquistas sociais do governo PT, desde a administração Lula e diz que se a presidente Dilma Rousseff renovar o seu mandato, como indicam as pesquisas recentes, o Brasil vai comemorar. E avaliou a consolidação da democracia através dos partidos no decorrer dos últimos 30 anos. Arias faz uma reflexão desta conquista democrática e ressalta que "a possibilidade de viver em liberdade, sem a sombra do medo da polícia ou retrocesso é muito mais importante do que ganhar a Copa do Mundo".
Para o jornalista, o Brasil não precisa mais de líderes ou salvadores, pois é um país moderno, que entrou totalmente na dinâmica do jogo democrático e se sentiu confortável nele. "Ele quer ser, sim, protagonista desta conquista, muito menos sem as mãos daqueles que procuram o benefício dos cidadãos em todas as decisões, deixando-lhes apenas a liberdade miserável de votar a cada quatro anos. E obrigatório".

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