PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O ministro Roberto Mangabeira Unger (Secretaria de Planejamento de Longo Prazo) disse ontem em Belo Horizonte que o problema da corrupção no Brasil é apenas "pontual", e não "sistêmico". Em 24 de janeiro de 2006, na coluna que assinava na Folha, Unger --que assumiu o cargo no governo Lula há quase três meses-- usou o termo "corrupção sistêmica" para descrever a relação entre políticos e grandes empresas no governo petista.
"Eu sou um estudioso e eu lhes digo que, entre os países de renda média, o Brasil é o país onde há menos corrupção", disse Unger ontem, ao deixar o Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais.
"Não é verdade que haja problema sistêmico de corrupção no Brasil. Nós temos problemas pontuais, mas o nosso sistema político, a nossa realidade política, contrariamente ao que muitas vezes se faz aparentar, não está eivado de corrupção."
No entanto, no artigo de janeiro de 2006 intitulado "Veneno", Unger escreveu sobre a relação entre as grandes empresas e os políticos no Brasil, dizendo que, "no poder, os eleitos achacam os endinheirados" e "distribuem em troca proteção do governo para os negócios dos achacados".
Escreveu ainda que "as forças que governavam o Brasil antes de Lula burilaram esse sistema. O governo Lula o radicalizou". No texto Unger dizia ainda que "a corrupção sistêmica, expressa no regime de trocas de dinheiro privado por proteção oficial, alargou um segundo canal de negocismo, que o governo anterior já havia aberto: o uso dos fundos de pensão para trocar financiamentos eleitorais por investimentos perdedores".
Ontem, ao sair de um encontro com o governador Aécio Neves (PSDB), Unger disse que o problema no Brasil é de "confusão".
"O nosso maior problema hoje não é a corrupção. O nosso problema nacional maior hoje é confusão. Nós queremos encontrar um caminho, o Brasil está em busca de um caminho, o país tem uma extraordinária vitalidade e quer quebrar a camisa de força herdada do passado, que o impede de andar."
Unger, antes de se tornar ministro, foi um duro crítico do governo Lula e do presidente. Chegou a pedir o impeachment de Lula após o escândalo do mensalão. Às vésperas de assumir o ministério, em entrevista à Folha, disse ter errado. "Errei no calor do embate. [...] Não sou um museu, estou vivo. Posso rever minhas idéias."
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