MP denuncia 9 por desviar encomendas na ECT (Josias de Souza)
Dentro do Estado, como se sabe, há espaços indevidamente ocupados, setores baldios e muita, muita desproteção àqueles que pagam para ser protegidos. No Piaui, o Ministério Público e a Polícia Federal detectaram uma dessas áreas tomadas pela erva daninha do descaso.
Descobriu-se que um servidor dos Correios, responsável pela triagem de mercadorias, desviava peças de valor. Coisas como laptops, tablets, celulares e máquinas fotográficas. Em vez de despachar os equipamentos aos seus donos, o funcionário remetia-os para sua casa.
O transporte era feito em veículos a serviço dos próprios Correios, dirigidos por dois irmãos do servidor e por motoristas terceirizados. No destino, a mulher do funcionário conferia as encomendas, estimava o valor de cada peça e comunicava a avaliação ao marido.
Na sequência, os produtos eram destinados a duas lojas e a receptadores de Teresina, a capital piauiense. Em ação batizada de Operação Encomendas, a PF documentou a movimentação da quadrilha. Reuniram-se grampos telefônicos, fotos e videos. Em batidas policiais feitas na semana passada, foram apreendidos na casa do servidor e nas lojas algumas das peças extraviadas dos Correios.
Munido das provas, o procurador da República Marco Túlio Lustosa Caminha protocolou na Justiça Federal uma denúncia contra nove pessoas pilhadas no esquema das encomendas. Foram acusadas de peculato, formação de quadrilha e receptação de carga roubada.
Um observador otimista poderá concluir que a ação das autoridades no Piaui demonstra que o Estado está vivo. Os pessimistas perguntarão aos seus botões: sera que o caso de Teresina é único? E os botões talvez respondam: um malfeito sem precedentes é apenas mais um malfeito antes de um malfeito mais inusitado, sem precedentes.
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