Deputado admite em fita que recebe propinas
Presidente
do PMDB de Minas Gerais, Saraiva Felipe exece o seu quinto mandato na
Câmara dos Deputados. Entre 2005 e 2006, foi ministro da Saúde de Lula.
Passou pela Esplanada sem ser notado. Não deixou marcas. Mas
aproximou-se de logomarcas que se revelariam rentáveis.
Gravação revelada pelo repórter Gabriel Mascarenhas indica que Saraiva Felipe transformou seu mandato num bal
cão. Na
fita, o ex-ministro admite o recebimento de propinas de empresas farmacêuticas. Ele cita dois laboratórios —Hypermarcas e Cristália— e uma entidade de classe —Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa.
Saraiva foi gravado em fevereiro deste ano, na cidade de Belo Horizonte, por uma pessoa que se apresentou como representante de laboratório supostamente interessado em vender medicamentos para o programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde. O deputado soou inacreditavelmente receptivo:
“Tem dois tipos [de trabalho]: ‘Você me ajuda e, se der certo, eu te dou não sei o quê; e a outra forma é como eu trabalho para a Interfarma e a Hypermarcas: ‘Nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, encaminha aqui e ali.” Ao longo da conversa, o deputado jacta-se de abrir portas na pasta da Saúde e na Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Vale a pena ouvir algumas de suas frases:
1. Na folha: “A Hypermarcas não me dá dinheiro pra campanha. A Hypermarcas me dá um valor mensal e, em função disso, eu presto assessoria pro que interessar a eles junto à Anvisa, junto ao Ministério da Saúde. De alguma forma, é como se eu tivesse na folha da Hypermarcas.”
2. Mensalão: “Interfarma é lá do Antônio Brito, lá do Rio Grande do Sul. Eles fazem o seguinte: nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, você encaminha as demandas aqui e ali. É isso.”
3. Por empreitada, não: “Uma coisa que eu não topo é o seguinte: ‘a gente te dá uma demanda e, no dia em que a demanda for equacionada, a gente combina pagar por tarefa’. Aí eu não posso.”
4. Acesso: “O Dirceu Barbano [diretor-presidente da Anvisa] me ajuda muito. Tenho bom acesso a ele.”
5. Despachante: “Não sou de empresa nenhuma. Sou despachante.”
Ouvido, Saraiva Felipe reconheceu que é dele a voz que emerge da gravação. A despeito disso, declarou: “Isso não existe. Não recebo nada.” A Hypermarcas negou “veementemente quaisquer alegações que objetivem atingir a reputação da companhia.” O laboratório Cristália silenciou.
Antonio Brito, presidente da Interfarma, diz não ter feito, “em qualquer tempo, a quem quer que seja, ou por qualquer motivo, pagamento algum para defesa de suas posições junto às autoridades.” A Anvisa declarou que “atende com atenção e seriedade os pleitos encaminhados pelo Legislativo”. Acrescentou que “o mesmo se aplica ao deputado Saraiva Felipe.”
Está-se diante de um desses mistérios que reclamam uma boa e profunda investigação. A fita existe. Saraiva Felipe admite que a voz é sua. Mas nega ter recebido propinas. Só a Polícia Federal e o Ministério Público podem esclarecer se o caso é de hospício ou de penitenciária.
Gravação revelada pelo repórter Gabriel Mascarenhas indica que Saraiva Felipe transformou seu mandato num bal
cão. Na
fita, o ex-ministro admite o recebimento de propinas de empresas farmacêuticas. Ele cita dois laboratórios —Hypermarcas e Cristália— e uma entidade de classe —Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa.
Saraiva foi gravado em fevereiro deste ano, na cidade de Belo Horizonte, por uma pessoa que se apresentou como representante de laboratório supostamente interessado em vender medicamentos para o programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde. O deputado soou inacreditavelmente receptivo:
“Tem dois tipos [de trabalho]: ‘Você me ajuda e, se der certo, eu te dou não sei o quê; e a outra forma é como eu trabalho para a Interfarma e a Hypermarcas: ‘Nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, encaminha aqui e ali.” Ao longo da conversa, o deputado jacta-se de abrir portas na pasta da Saúde e na Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Vale a pena ouvir algumas de suas frases:
1. Na folha: “A Hypermarcas não me dá dinheiro pra campanha. A Hypermarcas me dá um valor mensal e, em função disso, eu presto assessoria pro que interessar a eles junto à Anvisa, junto ao Ministério da Saúde. De alguma forma, é como se eu tivesse na folha da Hypermarcas.”
2. Mensalão: “Interfarma é lá do Antônio Brito, lá do Rio Grande do Sul. Eles fazem o seguinte: nós damos uma ajuda mensal e você, diante das demandas, você encaminha as demandas aqui e ali. É isso.”
3. Por empreitada, não: “Uma coisa que eu não topo é o seguinte: ‘a gente te dá uma demanda e, no dia em que a demanda for equacionada, a gente combina pagar por tarefa’. Aí eu não posso.”
4. Acesso: “O Dirceu Barbano [diretor-presidente da Anvisa] me ajuda muito. Tenho bom acesso a ele.”
5. Despachante: “Não sou de empresa nenhuma. Sou despachante.”
Ouvido, Saraiva Felipe reconheceu que é dele a voz que emerge da gravação. A despeito disso, declarou: “Isso não existe. Não recebo nada.” A Hypermarcas negou “veementemente quaisquer alegações que objetivem atingir a reputação da companhia.” O laboratório Cristália silenciou.
Antonio Brito, presidente da Interfarma, diz não ter feito, “em qualquer tempo, a quem quer que seja, ou por qualquer motivo, pagamento algum para defesa de suas posições junto às autoridades.” A Anvisa declarou que “atende com atenção e seriedade os pleitos encaminhados pelo Legislativo”. Acrescentou que “o mesmo se aplica ao deputado Saraiva Felipe.”
Está-se diante de um desses mistérios que reclamam uma boa e profunda investigação. A fita existe. Saraiva Felipe admite que a voz é sua. Mas nega ter recebido propinas. Só a Polícia Federal e o Ministério Público podem esclarecer se o caso é de hospício ou de penitenciária.
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