quarta-feira, 24 de dezembro de 2014


Venina teria causado prejuízo de R$ 25 milhões a Petrobras, diz jornal

Sindicância da estatal apontou que ex-gerente foi responsável por 4 irregularidades.

A ex-gerente executiva da área de Abastecimento da Petrobras, Venina Velosa da Fonseca, que surgiu recentemente na mídia com denúncias de que teria alertado a estatal sobre irregularidades, teria causado um prejuízo de R$ 25 milhões à Petrobras enquanto estava na estatal, informa o Estado de S. Paulo. Relatório final de sindicância responsabiliza a ex-gerente por quatro das nove irregularidades classificadas como “não conformidades”, constatadas nas obras da Refinaria Abreu e Lima, que elevaram gastos e indicam existência de cartel.
De acordo com o jornal, Venina e Pedro Barusco são apontados diretamente como responsáveis pelas antecipações de obras, a mando de Paulo Roberto Costa, que elevaram em R$ 4 bilhões os custos de Abreu e Lima. Em uma das irregularidades, informa o jornal, Venina é citada em um contrato com uma empresa do cartel, alvo da Operação Lava Jato, que desconsiderou um  desconto de R$ 25 milhões. Ao todo, as nove irregularidades teriam causado uma elevado de custo de R$ 4 bilhões para a refinaria, orçada em R$ 2,5 bilhões e que já custou R$ 24 bilhões.
Segundo a sindicância, em março de 2007, Venina emitiu documento propondo “a elaboração de plano de antecipação do início das operações da refinaria” em que constava a conclusão de que “será possível a inauguração da Refinaria do Nordeste”. Ela atuou, ressalta o jornal, em pedido de Costa, seu superior, feito um mês antes.
“Estes fatos, associados às declarações do senhor Paulo Roberto Costa, indicam a possibilidade da existência de um processo de cartelização relativo às empresas indicadas nos processos analisados”, registra a sindicância, realizada por seis servidores de carreira.
O documento de 88 páginas responsabilizou, além de Venina, o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque. Venina é acusada, informa o jornal, por omitir informações da Diretoria Executiva sobre mudanças de valores e objetos em contratos, inclusão de empresas do cartel que não atendiam ao critério de seleção, após início do processo licitatório, não apresentação de parecer jurídico para aprovação de contrato e erro formal de inclusão de empresa em concorrência.
Alusa Engenharia
De acordo com o Estado de S. Paulo, um dos contratos com problemas relacionados à Venina é para contratação da Alusa Engenharia, alvo da Lava Jato, para construção da Casa de Força (Cafor), por R$ 966 milhões, em 2008 -- valor 272% acima do orçado. Venina e os demais servidores teriam deixado “de considerar descontos negociados entre setembro e novembro de 2008, com a Alusa Engenharia, da ordem de R$ 25 milhões”. Mesmo quando o contrato foi encerrado, aponta a sindicância, teriam sido iniciadas negociações atípicas de desconto com a empreiteira, que resultaram em quatro propostas, endereçada à Venina Velosa da Fonseca. 
Venina teria trocado uma sequência de e-mails com outros gerentes envolvidos na contratação da Alusa. Um dos e-mails, de Paulo Cesar Silva, então gerente de Planejamento e Gestão da Refinara Abreu e Lima, informava que o valor do contrato “encontrava-se 272% acima do valor orçado” na fase dois da concorrência. Depois, Venina teria enviado dois e-mails para Francisco Pais, então Assistente do Diretor de Abastecimento, e Paulo Cezar Amaro Aquino, então Gerente Executivo do Abastecimento-Petroquímica.
“Somente ontem à noite tomei conhecimento destes números. Quando assinei a pauta da DE (Diretoria Executiva) isto não foi citado”, informou Venina. “Os desvios são grandes e isto me preocupa muito. Hoje na reunião com o (Pedro) Barusco abordaremos esta questão”, conclui Venina.
Por conta das “não conformidades”, lembra o jornal, Venina e outros quatro ex-gerentes, subordinados a Costa e Duque, perderam o cargo de chefia em novembro. Na ocasião, Venina ainda não havia aparecido em público para realizar suas denúncias.
Graça Foster, em entrevista ao JN

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