A tentativa de impedir que os recursos bloqueados nas contas secretas
do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça,
fossem repatriados amplia a chance de o Ministério Público Federal (MPF)
pedir a prisão, imediata, da mulher, a jornalista Claudia Cruz, e de
uma das filhas do parlamentar. O Judiciário suíço informou, na véspera,
aos investigadores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal
(PF), as ações de Cunha na tentativa de deter a transferência ao Brasil
de cerca de R$ 10 milhões, atualmente depositados em um banco naquele
país. Eduardo CunhaAdvogados de Cunha, segundo os promotores suíços, entraram com pedido
para impugnar a decisão do MP de enviar para a Procuradoria Geral da
República (PGR), no Brasil, dados sobre as quatro contas no banco Julius
Bär, em nome de Cunha e seus familiares. Algumas das contas estão em
nomes de empresas offshores, criadas em paraísos fiscais. As autoridades
da Suíça chegaram a bloquear, em abril deste ano, 2,469 milhões de
francos suíços (R$ 9,6 milhões) de Cunha e de sua mulher, sendo 2,3
milhões de francos suíços do deputado (R$ 9 milhões). Novo inquérito Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki, encarregado no STF das ações decorrentes da operação Lava
Jato, autorizou a abertura de novo inquérito contra Eduardo Cunha. A
decisão foi tomada após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
apresentar uma segunda denúncia no STF contra o parlamentar devido à
existência de contas em nome de Cunha e de familiares na Suíça. Janot denunciou Cunha ao Supremo inicialmente em agosto, acusando-o
de receber pelo menos US$ 5 milhões em propinas do esquema de corrupção
na Petrobras investigado pela Lava Jato. Desde então, surgiram outras
informações contra o parlamentar. O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil uma investigação por
corrupção e lavagem de dinheiro contra Cunha, com base nas contas
bancárias do parlamentar e familiares naquele país. “A PGR sustenta que há indícios de corrupção e lavagem de dinheiro
por parte de Eduardo Cunha e Cláudia Cruz (mulher do deputado)”, disse
em comunicado a Procuradoria, que também pediu o bloqueio e o sequestro
dos valores depositados nas contas suíças. “O processo foi transferido para a Procuradoria-Geral da República do
Brasil considerando que o deputado é brasileiro, está no país e não
poderia ser extraditado para a Suíça. Além disso, concluiu-se que a
maioria das infrações foi praticada no Brasil e que a persecução penal
será mais eficiente no território nacional”, acrescentou o MPF.
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