17/01/2010 - 08h48
Documentos apreendidos reforçam denúncias contra Arruda
A Polícia Federal investiga documentos que devem comprometer ainda mais o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), acusado de comandar um esquema de corrupção e distribuição de propina entre aliados e empresários. Segundo reportagem da revista Época, material encontrado na casa e no gabinete de conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Distrito Federal Domingos Lamoglia, também investigado, revelam a compra de um haras, que supostamente seria um presente de Arruda a sua mulher, Flávia Arruda.
Lamoglia foi o assessor mais próximo de Arruda nos últimos 20 anos. Numa agenda do ex-conselheiro apreendida, a PF encontrou uma anotação de despesas “pessoais” atribuídas ao governador do DF. Entre as despesas, estava o registro “Severo=450”, que, de acordo com a reportagem, se refere a Severo de Araújo Dias, dono do haras Sparta. A PF investiga a denúncia de que o proprietário oculto do haras seja Arruda. A acusação foi feita pelo ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, delator do esquema de mensalão de Arruda.
A revista também revela a apreensão de um papel escrito pelo ex-chefe da Casa Civil do DF José Geraldo Maciel. A anotação descreve em minúcias quem pagou e quem recebeu propina em contratos da Secretaria de Saúde quando ela esteve sob seu comando. No gabinete de Maciel, a PF apreendeu uma carta escrita pelo ex-chefe da Casa Civil que relata como funcionam os "negócios" com dinheiro público em Brasília. Entre os negócios descritos, uma licitação direcionada para beneficiar a empresa de informática Fundação Gonçalves Lêdo.
Outros materiais apreendidos pela PF também devem reforçar as denúncias de Durval contra Arruda e complicar a situação do governador, que se apoia em sua base aliada na Câmara Legislativa para evitar que sofra impeachment. Segundo a reportagem, com as apreensões, a Polícia teria descoberto ainda que havia uma briga interna no governo entre secretários e o governador. Foram encontrados relatórios que mostram casos de corrupção em várias secretarias do governo do DF.
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Veja a relação de documentos que a revista teve acesso:
1) O que: Um livro-caixa com a inscrição na capa “contas correntes”, encontrado na casa de Domingos Lamoglia, ex-chefe de gabinete do governador José Roberto Arruda e conselheiro afastado do Tribunal de Contas. Há siglas e abreviaturas relacionadas a números
A suspeita: Pagamentos a políticos.
2) O que: Seis folhas avulsas recolhidas na casa de Lamoglia com nomes, siglas e valores.
A suspeita: Pagamentos diversos. Existem as anotações “Severo”, relacionada ao número 450, e “fraterna”, vinculada ao número 100. Em depoimentos, Durval Barbosa afirma que Arruda comprou um haras em nome de Severo de Araújo Dias e que dinheiro da propina financiou a montagem do Instituto Fraterna, ONG da primeira-dama, Flávia Arruda.
3) O que: Agenda 2007 encontrada na casa de Fábio Simão, outro ex-chefe de gabinete de Arruda, contendo anotações de nomes e valores.
A suspeita: Pagamentos diversos, incluindo “R$ 17.700” atribuídos ao nome “Arruda”, conforme registro no documento.
4) O que: Papel intitulado “sugestão do grupo especial, encarregado de controlar as nomeações no GDF”, apreendido na casa de Lamoglia. O documento propõe uma distribuição “per capita” das nomeações entre os políticos.
A suspeita: Loteamento de mais de 3,4 mil cargos comissionados no governo do DF para manter a base de apoio ao governador Arruda.
5) O que: Planilha encontrada numa gaveta oculta no gabinete de Durval Barbosa com nomes de empresas e secretarias do DF, além de valores, datas e observações.
A suspeita: Controle da propina cobrada das empresas contratadas pelo governo, que, segundo Durval, era usado para prestar contas a Arruda.
6) O que: Uma folha de papel encontrada na casa de Lamoglia com informações sobre supostos esquemas de corrupção em secretarias do DF e integrantes do governo que seriam alvos de escutas telefônicas
A suspeita: Dossiê elaborado por integrante da divisão de inteligência da Polícia Civil.
7) O que: Carta enderaçada a Arruda assinada pelo ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel, apreendida em seu gabinete, sobre um acerto para beneficiar empresa que teria o aval da Presidência da República.
A suspeita: Direcionamento de concorrência pública para centralizar os serviços de tecnologia do governo de Brasília.
Fonte: Congresso em Foco – clique aqui para conferir
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