da Folha Online
As investigações da Operação Castelo de Areia, deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal, menciona sete partidos políticos que podem ter recebido doações ilegais da empreiteira Camargo Corrêa nas eleições de 2008.
A polícia gravou legalmente a conversa do diretor da Camargo Corrêa, Pietro Francisco Brunato Giavina Bianchi, com assessores e funcionários de alto escalão da empresa. Nos diálogos, eles tratam da distribuição de dinheiro a diversos partidos políticos nas eleições do ano passado.
São mencionados o PSDB, PS, PPS, PSB, PDT, DEM, PP e o PMDB do Pará, que, de acordo com a investigação, teria recebido R$ 300 mil. Os valores supostamente recebidos pelos demais partidos não foram mencionados.
De acordo com o texto, a entrega desse dinheiro foi intermediada "direta ou indiretamente" pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Os diálogos monitorados revelam em princípio tratativas e possíveis entregas de numerários supostamente a políticos e a partidos políticos oriundos, em tese, da empresa Camargo Corrêa, com a suposta intermediação da Fiesp", diz o texto.
Além das doações a partidos políticos, a operação investiga a remessa de dinheiro ilegal do Brasil para o exterior feita por meio de diretores da empreiteira e doleiros que atuam no Brasil e no exterior. Eles teriam criado um sofisticado sistema, que inclui operações de câmbio e transferências bancárias responsáveis pela evasão de, pelo menos, R$ 20 milhões.
Outro lado
O DEM e o PPS negaram nesta quarta-feira envolvimento no suposto esquema que repassou contribuições irregulares da construtora Camargo Corrêa para partidos políticos.
"A Direção Nacional do PPS esclarece que não recebeu nenhuma doação da construtora Camargo Corrêa e repudia o uso político da Polícia Federal pelo governo Lula para tentar atingir os partidos de oposição", afirma o PPS em nota oficial.
Já o DEM se manifestou por meio do líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), que também justificou a doação de R$ 300 mil recebida pelo partido da construtora Camargo Corrêa no ano passado nas eleições municipais.
Ele apresentou recibo que comprova a doação ao partido --encaminhada para o diretório regional do DEM no Rio Grande do Norte, sem qualquer ligação pessoal com o seu nome.
"Eu sou presidente do diretório regional, a doação foi para o partido. O dinheiro foi depositado na conta do partido em Natal. É evidente que esses recursos foram declarados ao TRE [Tribunal Regional Eleitoral]. Se tem alguém manchado, não sou eu", disse.
O PSDB também se justificou por meio de nota oficial. "Em diversas campanhas eleitorais, o PSDB recebeu doações da empresa Camargo Corrêa. Todas dentro do que determina a lei e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, conforme prestações de contas que estão disponíveis inclusive na internet", diz o texto. "O PSDB desconhece que qualquer empresa ou doador tenha atuado fora dos limites legais e condena tal procedimento."
A Folha Online está em contato com os outros partidos políticos, mas até agora não recebeu resposta.
Camargo Corrêa
Também por meio de nota, a Camargo Corrêa se disse perplexa com a operação e que confia nos funcionários detidos, embora ainda não tenha acesso às informações da PF.
"A Camargo Corrêa vem a público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos hoje pela manhã, quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça. Até o momento a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação", afirmou a empresa.
Leia o que foi publicado sobre a Operação Castelo de Areia
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