A tentativa de impedir que os recursos bloqueados nas contas secretas
do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça,
fossem repatriados amplia a chance de o Ministério Público Federal (MPF)
pedir a prisão, imediata, da mulher, a jornalista Claudia Cruz, e de
uma das filhas do parlamentar. O Judiciário suíço informou, na véspera,
aos investigadores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal
(PF), as ações de Cunha na tentativa de deter a transferência ao Brasil
de cerca de R$ 10 milhões, atualmente depositados em um banco naquele
país. Eduardo CunhaAdvogados de Cunha, segundo os promotores suíços, entraram com pedido
para impugnar a decisão do MP de enviar para a Procuradoria Geral da
República (PGR), no Brasil, dados sobre as quatro contas no banco Julius
Bär, em nome de Cunha e seus familiares. Algumas das contas estão em
nomes de empresas offshores, criadas em paraísos fiscais. As autoridades
da Suíça chegaram a bloquear, em abril deste ano, 2,469 milhões de
francos suíços (R$ 9,6 milhões) de Cunha e de sua mulher, sendo 2,3
milhões de francos suíços do deputado (R$ 9 milhões). Novo inquérito Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori
Zavascki, encarregado no STF das ações decorrentes da operação Lava
Jato, autorizou a abertura de novo inquérito contra Eduardo Cunha. A
decisão foi tomada após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
apresentar uma segunda denúncia no STF contra o parlamentar devido à
existência de contas em nome de Cunha e de familiares na Suíça. Janot denunciou Cunha ao Supremo inicialmente em agosto, acusando-o
de receber pelo menos US$ 5 milhões em propinas do esquema de corrupção
na Petrobras investigado pela Lava Jato. Desde então, surgiram outras
informações contra o parlamentar. O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil uma investigação por
corrupção e lavagem de dinheiro contra Cunha, com base nas contas
bancárias do parlamentar e familiares naquele país. “A PGR sustenta que há indícios de corrupção e lavagem de dinheiro
por parte de Eduardo Cunha e Cláudia Cruz (mulher do deputado)”, disse
em comunicado a Procuradoria, que também pediu o bloqueio e o sequestro
dos valores depositados nas contas suíças. “O processo foi transferido para a Procuradoria-Geral da República do
Brasil considerando que o deputado é brasileiro, está no país e não
poderia ser extraditado para a Suíça. Além disso, concluiu-se que a
maioria das infrações foi praticada no Brasil e que a persecução penal
será mais eficiente no território nacional”, acrescentou o MPF.
Por Redação – de Brasília e Curitiba: Principal esteio das ações penais movidas com base nas investigações
da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef reafirmou, neste
sábado, em depoimento aos promotores do Ministério Público Federal
(MPF), que membros da CPI da Petrobras na Câmara convocaram suas filhas
para depor, na tentativa de inibi-lo a manter as acusações contra o
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entre outros parlamentares.
Em seu depoimento, o doleiro relata “pressão” por meio de sua família
contra o depoimento prestado voluntariamente aos investigadores, há
cerca de um mês. Youssef afirmou que a CPI aprovou a convocação de suas
três filhas e de sua ex-mulher para depor, além da quebra de sigilos
fiscal e bancário delas, cerca de um mês depois de ele ter afirmado ao
Ministério Público que Cunha era o destinatário final de propinas pagas
por contrato firmado entre a Samsung e a Petrobrás. Empresa ligada ao doleiro Yousseff teria transferido dinheiro para contas do presidente da CâmaraYoussef teria relatado aos investigadores que a intenção da CPI era
inibi-lo a “revelar fatos incriminadores de determinados agentes
políticos, em especial Eduardo Cunha”. O doleiro ainda acrescentou que a
retaliação era “incômoda”, por ele estar preso e não poder ajudar sua
família, e que “nenhuma pressão” o faria recuar das acusações contra o
parlamentar. Eduardo Cunha foi denunciado na quinta-feira pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. No pedido de condenação encaminhado ao Supremo
Tribunal Federal, a Procuradoria afirma que Cunha recebeu pelo menos US$
5 milhões em propina de um contrato firmado entre a Samsung Heavy
Industries Co. e a Petrobras para aluguel de navios-sonda. CPI suspeita Em denúncia do Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPE-PE), a
CPI da Petrobras passou à condição de suspeita na apuração dos crimes
cometidos contra a estatal do petróleo brasileiro. Presidente da
Comissão, na Câmara, o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) teria pagado R$ 180
mil de sua verba parlamentar em aluguéis de veículos da KMC Locadora,
empresa que é considerada de fachada pelo órgão. O MPE fundamenta sua
denúncia pelo fato de a não existir fisicamente e ter apenas um carro
registrado em seu nome. Hugo Motta teria contratado a empresa entre fevereiro e dezembro de
2011 e, depois, entre julho de 2012 e março de 2013, com pagamentos
mensais entre R$ 5 e R$ 10 mil de sua cota para atividade parlamentar,
verba destinada pela Câmara para os deputados usarem em atividades de
suporte ao exercício do mandato. Os pagamentos do peemedebista à empresa chamaram atenção do
Ministério Público de Pernambuco, que citou o fato em uma ação de
improbidade administrativa ajuizada em junho contra a gestão do
município de Santa Cruz do Capibaribe (PE) pela contratação da KMC sem
licitação. A empresa subcontratou veículos de outros proprietários para
prestar o serviço, já que não os possuía, de acordo com a ação, conforme
reportagem do jornal O Tempo, de Minas Gerais. Segundo as
investigações, a sede da KMC não existe, não há registro de funcionários
da empresa e a frota se resume a um veículo Toyota Corolla, recusado em
um contrato com a prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe (PE). O Ministério Público afirma que a empresa é administrada pelos donos
de uma outra locadora e manobrada só para obter contratos com a
administração pública. Em depoimento, a proprietária da KMC, Rafaela
Cavalcanti, disse nem saber quantos veículos a empresa possuía. Em seu
segundo mandato consecutivo, Hugo Motta era pouco conhecido até ser
designado para assumir a CPI da Petrobras. Ele seria aliado do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também é investigado na
Operação Lava Jato. A assessoria do deputado afirma que o caso já havia
sido investigado pelo Ministério Público no Distrito Federal e
arquivado, e que ele comprovou que os serviços foram prestados. Armação da direita Aumentaram, nas últimas horas, as especulações sobre o
vice-presidente Michel Temer, que estaria deixando a articulação
política do governo Dilma Rousseff para se preservar como eventual pólo
de poder em caso de impeachment. O nome de Temer foi citado, pela
primeira vez, na Operação Lava Jato. A citação veio a público neste
sábado, nos depoimentos do lobista Júlio Camargo, que representa os
interesses do grupo Toyo Setal e foi um dos principais delatores do
esquema. “Havia comentários de que Fernando Soares era representante do PMDB,
principalmente de Renan, Eduardo Cunha e Michel Temer. E que tinha
contato com essas pessoas de irmandade”, disse ele, num depoimento que
foi usado na acusação da procuradoria-geral da República contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Temer se defendeu, em nota divulgada durante esta tarde: “Michel
Temer não conhece Fernando Soares, nunca teve ou tem com ele qualquer
relação ou contato de ‘irmandade’; também não conhece Júlio Camargo”,
diz a nota. “O vice-presidente incentiva apurações sérias, profundas e
responsáveis sobre os fatos. Apenas se insurge contra informações falsas
e inverídicas”, afirma o comunicado. Líderes dos principais partidos de oposição, no entanto, aproveitaram
o movimento para sair em defesa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Eles contariam com o apoio de Cunha para uma possível
sequência ao golpe em curso contra a presidente Dilma Rousseff na
Câmara. O objetivo do acordo seria aproveitar o momento ainda mais tenso
na relação entre o Planalto e Cunha, denunciado pela Procuradora-Geral
da República por suposto envolvimento na Lava Jato. Ele acusa o governo
de fazer um acordo para atingi-lo, para avançar em um pedido de impeachment. Desde que Cunha foi denunciado, na última quinta-feira, o presidente
nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não se pronunciou. O líder
do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), pediu cautela e lembrou que
Cunha é inocente até que se prove o contrário. PSDB, DEM, PPS e SD devem
se reunir na próxima terça-feira para unificar o discurso em torno da
defesa do afastamento da presidente, de acordo com reportagem do diário
conservador paulistano Folha de S. Paulo.
Lava Jato: empreiteiras querem pagar por perdão do governo
As empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato fizeram uma proposta para o governo federal em que pedem o pagamento
integral de indenizações em troca de perdão pelo prejuízo causado
no caso de corrupção envolvendo a Petrobras. As informações são do
jornal Folha de S. Paulo. As empresas
querem ainda que o acordo de ressarcimento dos valores desviados passe
da Controladoria Geral da União (CGU) para a Advocacia Geral da União
(AGU). Hoje, o maior receio delas é que a Justiça as condene a não
possam mais firmar contratos com o poder público, levando muitas delas à
falência. Uma outra punição às empresas proposta nesta
nova fórmula seria que parte do ressarcimento ocorresse em forma de
ações que dão poder decisório no comando das empresas. Os papéis seriam
posteriormente leiloados no mercado. A proposta enfrenta
dificuldades para ser aceita tanto pelo governo como pelo Ministério
Público Federal (MPF). Ministros avaliam que aceitar as condições
poderia passar a ideia de que o governo está salvando as empresas que
cometeram crimes. O MPF, que conduz processos de idoneidade paralelos,
já se manifestou a favor de um acordo do tipo.
Ricardo Teixeira foi indiciado pela PF por quatro crimesGetty Images
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de
Futebol), foi indiciado pela Polícia Federal por quatro crimes, segundo
reportagem publicada o site da revista Época e confirmada por uma fonte da Polícia Federal ouvida pelo R7: lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e falsificação de documento público.
As denúncias contra o cartola tiveram origem em uma série de reportagens do Jornal da Record, e influenciaram diretamente na saída de Teixeira do comando da CBF, em 2012.
O Jornal da Record trouxe à tona o esquema de propina
envolvendo as empresas ISL e Sanud, entre outros, que teriam rendido
mais de US$ 9,5 milhões a Teixeira e seu sogro, o ex-presidente da Fifa
João Havelange.
Também segundo a reportagem da Época, Teixeira movimentou R$
464,56 milhões em suas contas durante o período da Copa do Mundo de
2014, disputada no Brasil. O cartola foi presidente do Comitê
Organizador Local da Copa entre 2009 e 2012, quando renunciou ao cargo. Procurador da República apoia Romário e pede "grande limpeza"
Diz o documento obtido pela revista: “Juntada das informações do Coaf,
onde constam informações sobre altas movimentações financeiras
realizadas por Ricardo Terra Teixeira, no montante de R$ 464.560.000,00 (
quatrocentos e sessenta e quatro milhões, quinhentos e sessenta mil
reais), entre os anos de 2009 e 2012, sendo que tais foram considerados
atípicos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)".
O relatório da Polícia Federal informou ainda que Teixeira mantinha
contas no exterior e repatriou valores para poder comprar um apartamento
no valor de R$ 720 mil, no Rio de Janeiro, que valeria, na verdade,
cerca de R$ 2 milhões. Quem vendeu o apartamento para Ricardo Teixeira
foi Cláudio Abrahão. Sua família é dona do Grupo Águia, fornecedor da
CBF.
Ricardo Teixeira tem ainda outras propriedades milionárias, no Brasil e
no exterior, que não condizem com os salários que recebia como
presidente da CBF.
O cartola também está sendo investigado no escândalo de corrupção da
Fifa que já mandou sete dirigentes para a cadeia, mas, até o momento,
seu nome não apareceu como envolvido.
Empreiteira da Lava Jato afirma que cartel atuou desde o governo FHC
De Brasília
Fernando Zamora/ Futura Press/ Estadão Conteúdo
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Em acordo de leniência firmado pela Setal Engenharia e Construções com a
Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(SG-Cade), a empresa afirmou que as empreiteiras investigadas na
Operação Lava Jato operam cartel para participar de licitações da
Petrobras desde o final dos anos 1990. O posicionamento da
companhia segue na linha do que disse o executivo Augusto Mendonça,
ex-representante da Toyo Setal, à Justiça Federal. Após firmar o acordo
de delação premiada, ele disse que o cartel, chamado por ele de "clube"
de empreiteiras que atuava nas licitações da estatal existe desde meados
da década de 1990, período que abrange a gestão de Fernando Henrique
Cardoso (PSDB). Segundo Mendonça, ex-representante da Toyo
Setal, o cartel "passou a ser mais efetivo a partir de 2004, graças às
negociações dos diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato
Duque (Engenharia e Serviços)". No histórico de conduta
divulgado pelo Cade, com detalhes do acordo de leniência, a Setal e a
SOG Óleo e Gás afirmaram que foi estabelecido "um sistema de proteção"
entre as empresas para "combinar não competirem entre si em licitações
relativas à obras da Petrobras no mercado 'onshore'". O
documento registra, ainda, que a empresas investigadas na Lava Jato se
"reuniam, ainda que inicialmente de uma maneira não estruturada, com o
objetivo de discutir e tentar dividir os pacotes de licitações públicas
'onshore' da Petrobras no Brasil". As empreiteiras disseram que o
cartel ficou mais bem definido a partir de 2003 ou 2004, com a chegada
do ex-diretores de Engenharia e Serviços da estatal, Renato Duque, e de
Abastecimento, Paulo Roberto Costa. "A partir de 2003/04, os
contatos entre concorrentes tornaram-se mais frequentes e estáveis, e
algumas das empresas descritas no presente Histórico de Conduta passaram
a se reunir, de forma estável e organizada, no âmbito do "Clube das 9",
com o fim específico de combinar preços, condições, vantagens e
abstenções entre concorrentes, em licitações públicas realizadas pela
Petrobras no mercado de obras de montagem industrial "onshore" no
Brasil", registra o documento. O clube teria mudado para
englobar 16 membros nos anos seguintes, segundo Cade, operando de
maneira "anticompetitiva" devido à necessidade de acomodar mais
empresas.
Por celular
O chamado "Clube das 16"
operava até mesmo por meio de mensagens de celular. "Os contatos
anticompetitivos se davam, sobretudo, em reuniões presenciais, mas
também houve conversas ao telefone e trocas de SMS", registra o relato
de acordo de leniência. O nível de organização do grupo de
empreiteiras mantinha também "tabelas contendo as informações sobre as
obras anteriores que já tinham sido vencidas por cada uma das empresas"
nas concorrências abertas pela Petrobras. Além de "informações sobre
obras futuras previstas". O documento do Cade registra ainda que
"quem já tinha projetos vencidos ficava no final da fila de
preferência, e quem tinha menos projetos vencidos com a Petrobras ficava
no início da fila de preferências". O clube de 16 empresas
também convidava outras construtoras para participar do esquema
"especialmente quando a lista de empresas que deveriam participar do
certame (era) entregue pelo grupo aos dois diretores da Petrobras" -
Renato Duque e Paulo Roberto Costa.
Acordo
O
Cade celebrou acordo de leniência também com a SOG Óleo e Gás e pessoas
físicas funcionários e ex-funcionários das empresas do grupo. O acordo,
uma espécie de delação premiada, foi assinado em conjunto com o
Ministério Público Federal do Paraná (MPF/PR), dentro da Força-Tarefa da
Operação Lava Jato. Os materiais obtidos por meio do acordo de
leniência, assim como outros eventualmente colhidos pelo Cade, poderão
ser utilizados pelo MPF/PR como subsídio no âmbito dos processos penais.
O Cade informa que, por meio desse acordo, os signatários confessam sua
participação, fornecem informações e apresentam documentos probatórios a
fim de colaborar com as investigações do alegado cartel entre
concorrentes em licitações públicas de obras de montagem industrial
onshore da Petrobras.
17.mar.2015
- Ex-diretor da Área Serviços e Engenharia da Petrobras Renato Duque,
chega ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba (PR), onde realizou
exame de corpo de delito nesta terça-feira (17). Ele foi detido na 10ª
fase da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na
estatal Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo
STJ autoriza abertura de inquérito para investigar Pezão e Tião Viana
PGR vê indícios de envolvimento de governadores em esquema da Lava Jato. Supremo já autorizou abertura de inquéritos para investigar parlamentares.
Renan Ramalho *Do G1, em Brasília
O ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
autorizou nesta quinta-feira (12) a abertura de inquéritos para
investigar os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão
(PMDB), e do Acre, Tião Viana (PT), informaram fontes do tribunal à GloboNews.
Os dois foram citados por delatores da Operação Lava Jato como beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras.
Eles negam as acusações. No inquérito de Pezão, também serão
investigados o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e o ex-chefe da Casa
Civil Regis Fichtner.
Os pedidos de inquérito foram apresentados
ao STJ no final da manhã desta quinta pela Procuradoria Geral da
República, órgão que realiza as investigações e é responsável pela
acusação.
Em depoimento dado com base em acordo de delação premiada, o ex-diretor
da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou ter arrecadado R$ 30 milhões
para o caixa dois da campanha do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio
Cabral (PMDB), na eleição de 2010. Os recursos teriam beneficiado também
o atual governador do estado, Luiz Fernando Pezão
(PMDB), vice de Cabral na época. De acordo com o ex-diretor, o operador
dos repasses foi o então secretário da Casa Civil de Cabral, Regis
Fichtner. Os três negam as acusações.
No caso do governador do Acre, Paulo Roberto Costa afirmou que R$ 300
mil foram dados como "auxílio" à campanha eleitoral de Tião Viana para o
Senado em 2010. Segundo o ex-diretor, o pagamento foi feito pelo
doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal e um dos
articuladores do esquema de corrupção. Viana diz que a doação foi
registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Acre e "não tem nada de
ilegal". Pezão
O governador Luiz Fernando Pezão afirmou, na tarde desta quinta-feira
(12/3), que respeita a decisão da Procuradoria Geral da República de
pedir abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para
investigar a citação de seu nome em declarações dadas pelo ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa.
Mas ele classificou como "estapafúrdio" o depoimento do ex-diretor da
estatal e disse estar certo de que a investigação vai comprovar que a
acusação é falsa. "Estou à disposição da Justiça, só quero ser ouvido.
Essa conversa nunca existiu. A acusação é falsa. Meu sigilo bancário
está à disposição, só tenho uma conta. Minha declaração de bens é
pública e também está disponível", afirmou o governador, ressaltando não
ter sido oficialmente notificado e não ter constituído advogado. Tião Viana
Procurado pelo G1, o governador Tião Viana informou,
por meio da assessoria, que só deve se pronunciar sobre o assunto quando
for notificado oficialmente sobre a investigação.
Em dezembro, ao ser diplomado governador, Viana afirmou que repudiava a
citação de seu nome pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa,
em depoimento dado com base em delação premiada.
Na última terça-feira, o governador informou, por meio de nota, que a
doação de R$ 300 mil para sua campanha de 2010 foi recebida e registrada
no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Acre (TRE-AC). A prestação
de contas, ainda segundo a nota, foi aprovada pelo TRE e não tem "nada
de ilegal". Sérgio Cabral e Regis Fichtner
A assessoria do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) divulgou a seguinte nota no final da tarde desta quinta: Nota do ex-Governador Sérgio Cabral Reitero os meus compromissos de toda a minha vida pública de
respeito à independência do Ministério Público e do Judiciário
brasileiros. Tenho a consciência tranquila. Reafirmo que é mentirosa a afirmação do delator Paulo Roberto
Costa. Essa reunião jamais aconteceu. Nunca solicitei ao delator apoio
financeiro à minha reeleição ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Todas as eleições que disputei tiveram suas prestações de contas aprovadas pelas autoridades competentes. Reafirmo o meu repúdio e a minha indignação a essas mentiras.
Por meio de sua assessoria, Regis Fichtner reafirmou que nunca
participou de nenhuma reunião com Paulo Roberto Costa, muito menos para
tratar de arrecadação de recursos para campanha.
Na última segunda-feira, em nota, ele afirmou que tomará "as medidas
cabíveis decorrentes das mentiras declaradas em relação à minha pessoa
por parte do Sr. Paulo Roberto Costa, que incluirão pedido para que ele
responda pelo crime cometido ao prestar tais declarações". Indícios
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o início das
investigações sobre os governadores por ver indícios de crimes
atribuídos a eles nas apurações já realizadas.
Na mesma decisão que autorizou as investigações, Salomão derrubou o segredo de Justiça até então mantido sobre os pedidos.
O ministro também autorizou as primeiras diligências para coleta de provas (leia mais abaixo) e deu prazo de 20 dias para Pezão e Viana se manifestarem sobre os fatos descritos nos pedidos de investigação.
Diligências
Nos despachos que autorizaram os inquéritos, Salomão autorizou também as primeiras medidas de investigação.
A Polícia Federal deverá coletar no Hotel Caesar Park, em Ipanema, no
Rio de Janeiro, informações e documentos, incluindo imagens, registros
de entrada e saída, relacionados a uma reunião realizada no primeiro
semestre de 2010 em um dos quartos, possivelmente locado por Regis
Fichtner.
Além disso, a PF terá 90 dias para tomar depoimentos de Cabral e
Fichtner, além dos executivos Cláudio Lima Freire (da empresa Skanska),
José Aldemário Pinheiro Filho (da construtora OAS), Ricardo Ribeiro
Pessoa (da UTC), César Luiz de Godoy Pereira (Alusa), Ricardo Ourique
Marques (Techint), Rogério Santos de Araújo e Márcio Faria da Silva
(ambos da Odebrecht).
A PF também fará uma análise das doações realizadas aos comitês
financeiros da campanha eleitoral de 2010 ao governo do Rio de Janeiro
registradas no Sistema de Prestação de Contas Eleitorais (SPCE) do
Tribunal Superior Eleitoral.
Futuras diligências podem incluir quebras de sigilo (telefônico,
bancário ou fiscal) ou interceptações telefônicas, por exemplo. É comum
que elas sejam mantidas sob sigilo, para evitar que o investigado se
antecipe e elimine rastros de delitos eventualmente cometidos. Julgamento
O STJ é o foro competente para julgar, por crimes comuns, governadores
de estado, desembargadores de tribunais estaduais e federais, além de
membros de tribunais de contas dos estados – no Supremo Tribunal Federal
(STF) são julgados ministros, deputados e senadores.
Os governadores, no entanto, são julgados no STJ pela Corte Especial,
composta por 15 ministros. Os demais vão para a 5ª Turma, colegiado
menor, formado por cinco magistrados. O STF, por sua vez, julga
deputados, senadores e ministros.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou pedido
enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar
políticos citados por delatores. Na semana passada, o órgão enviou ao
STF 25 pedidos de inquérito, já autorizados pelo relator na corte,
ministro Teori Zavascki. Entenda a Lava Jato
A Operação Lava Jato começou investigando um esquema de lavagem de
dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10
bilhões. A investigação resultou na descoberta de um esquema de desvio
de recursos da Petrobras, segundo a Polícia Federal e o Ministério
Público Federal.
Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram
presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef, apontado como
chefe do esquema, e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa.
A sétima fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2014, teve como
foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm
contratos com a Petrobras em um valor total de R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF
e da Polícia Federal. Só na sétima etapa da operação, foram expedidos
85 mandados de prisão, de busca e apreensão e de condução coercitiva
(quando o investigado é levado pela polícia para depor) em municípios do
Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco
e do Distrito Federal.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Lava Jato cumpriu 64
mandados de prisão, 201 de busca e apreensão e 55 de condução
coercitiva. Ao todo, 150 pessoas e 232 empresas estão sob investigação
da Procuradoria. * Colaboraram o G1 São Paulo e o G1 AC
¶ 247 – Em carta endereçada a seus colegas
do Ministério Público, procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
alerta: “a Operação Lava Jato chega a um momento crucial” com a lista de pedidos de investigação enviada ao STF.
“Estou certo que, uma vez levantado o sigilo do caso pelo Ministro
Teori Zavascki, o trabalho até este momento realizado será esquadrinhado
e submetido aos mais duros testes de coerência”, diz. “Não espero a
unanimidade nem a terei”, acrescenta. A Procuradoria-Geral da República protocolou na noite de terça-feira,
no Supremo Tribunal Federal (STF), a lista com pedidos de abertura de
inquérito a fim de investigar pessoas suspeitas de envolvimento no caso
de corrupção da Petrobras. Constam, no total, 54 nomes de investigados e feitos 28 pedidos de
abertura de inquérito. Nem todos têm foro privilegiado. Além disso,
foram feitos sete pedidos de arquivamento. Janot decidiu solicitar a abertura de inquéritos contra os
presidentes das duas casas legislativas, o deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Por outro lado, decidiu
arquivar os pedidos de investigação contra o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) e a presidente Dilma Rousseff. Em outro trecho da carta, Janot diz: “Não guardo o dom de prever o
futuro, mas possuo experiência bastante para compreender como a parte
disfuncional do sistema político comporta-se ao enfrentar uma atuação
vigorosa do Ministério Público no combate à corrupção”. Leia abaixo a carta de Janot ao MP: Ministério Público – compromisso e fidelidade Colegas, Abro uma necessária pausa em meio às tribulações próprias do cargo de
Procurador-Geral para dirigir a todos os membros do Ministério Público
brasileiro uma palavra de confiança. Sou grato por ter, no inverno da minha longa
carreira pública, a ocasião de servir ao meu País e, especialmente, à
sociedade brasileira, na qualidade de Procurador-Geral da República. Quis o destino, também, que eu estivesse à frente do Ministério Público Federal no momento de um dos seus maiores desafios institucionais. A chamada “Operação Lava Jato” chega a um momento crucial.
Encaminhei, na noite de ontem, pedidos de investigação e promoções de
arquivamento em relação a diversas autoridades que possuem prerrogativa
de foro. Com o inestimável auxílio de Colegas do Grupo
de Trabalho baseado em Brasília, da Força-Tarefa sediada em Curitiba e
da assessoria do meu Gabinete, examinei cuidadosamente todas as
particularidades que envolvem este caso e estabeleci um critério técnico
e objetivo para adotar as medidas necessárias à cabal apuração dos
fatos. Diante das inúmeras e naturais variáveis decorrentes de
uma investigação de tamanha complexidade, fiz uma opção clara e firme
pela técnica jurídica. Afastei, desde logo, qualquer outro caminho,
ainda que parecesse fácil
ou sedutor, de modo que busquei incessantemente pautar minha conduta
com o norte inafastável das missões constitucionais do Ministério
Público brasileiro. Estou certo que, uma vez levantado o sigilo do caso pelo Ministro
Teori Zavascki, o trabalho até este momento realizado será esquadrinhado
e submetido aos mais duros testes de coerência. E assim ocorrerá porque é um valor
central da Democracia e do Princípio Republicano a submissão de
qualquer autoridade pública ao crivo dos cidadãos brasileiros. Entendo,
desde sempre, que essa lição deve ser acatada, com ainda maior
naturalidade, por todos os Membros da nossa Instituição. Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse
momento singular do País e, particularmente, do Ministério Público
brasileiro, que cada um dos meus Colegas tenha a certeza de que realizei
meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos
envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que
ocupam ou ocuparam. Busco inspiração, com essas minhas breves palavras, na Unidade do
Ministério Público brasileiro, sabedor que os esforços de todos os
integrantes da nossa Instituição igualam-se na disposição de servir. Não guardo o dom de prever o futuro, mas possuo experiência bastante
para compreender como a parte disfuncional do sistema político
comporta-se ao enfrentar uma atuação vigorosa do Ministério Público no
combate à corrupção. Não acredito que esses dias de turbulência política fomentarão
investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro,
desnaturar o seu trabalho ou desqualificar os seus Membros. Mas devemos
estar unidos e fortes. Ao longo de sua extraordinária história, o Ministério Público
brasileiro deu mostras de sua têmpera e de sua capacidade de superar
qualquer obstáculo que venha a se interpor no caminho reto a ser
seguido. Guardo-me, assim, na paz de quem cumpre um dever e na certeza
de que temos instituições sólidas e democráticas. Integramos uma delas. Estejamos unidos. Sigamos o nosso caminho. Sejamos fiéis ao nosso País.” Paciência e confiança! Forte abraço, Rodrigo Janot Fonte: Brasil 247www.brasil247.com
Todos contra Moro: operador do PMDB também ataca juiz
Em resposta à acusação de
que arrecadaria propina, Fernando Baiano atacou juiz e acusação, mas
não apresentou argumentos para provar inocência
Laryssa Borges, de Brasília
EXPLOSÃO – Fernando Baiano: o lobista elaborou uma lista com beneficiários de propina ligados ao PMDB
(VEJA)
Dando sequência à "operação mãos sujas" colocada em curso pelos
advogados dos empreiteiros presos no escândalo do petrolão, a defesa do
lobista apontado como operador do PMDB no esquema, Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano, também tenta anular as delações do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e
de outros colaboradores da Justiça. As delações têm sido um eficaz
mecanismo para que investigadores desvendem os nomes de autoridades –
incluindo deputados, senadores e ex-governadores – que se locupletaram
com o caixa da Petrobras. Diante da perspectiva de duras penas a serem
aplicadas pelo juiz federal Sergio Moro e da possibilidade de divulgação
de provas incontestes contra políticos que se beneficiaram do esquema,
anular as colaborações dos demais envolvidos no petrolão tornou-se ponto
crucial para grandes empreiteiros e empresários presos na Lava Jato. E a
estratégia inclui investidas contra Moro, que conduz de forma
implacável os processos da Operação Lava Jato. Em documento enviado a Moro,
a banca de defesa de Fernando Baiano vai ao extremo: compara a situação
do lobista a casos de executados pelas forças da Inquisição, na Idade
Média, e ataca o próprio juiz, a quem acusa de incorporar a tese de
“justiçamento” e de promover “terror penal”. Embora tenha destinado
quase 90 páginas para atacar Moro, o Ministério Público e os métodos de
investigação da Operação Lava Jato, Fernando Baiano não reserva uma
linha sequer a argumentos que poderiam minimizar as denúncias de que
durante anos operou um propinoduto na petroleira para o PMDB. Na tentativa de desqualificar os acordos de delação premiada, o
lobista, acusado pelo Ministério Público de ter cobrado 40 milhões de
reais em propina em dois contratos com a Petrobras, questiona a “ética”
da colaboração de criminosos e compara a prática a medidas típicas de
estados totalitários. “Não se pode instaurar uma ética pragmática,
utilitária e autoritária em que os fins justificam os meios, a utilizar o
cidadão como instrumento de realização de uma suposta justiça rápida,
asséptica, despreocupada e descompromissada com os direitos e garantias
individuais, muito ao feitio de um Estado duro e reacionário, que
constrange o cidadão a renunciar direitos fundamentais em prol de
eficiência persecutória”, afirma o advogado Nélio Machado. Em sua manifestação à Justiça, Fernando Baiano ainda classifica a
denúncia do Ministério Público como “inservível e imprestável”, diz que a
acusação de que ele recebeu propina é “absurda” e questiona o fato de
as audiências para ouvir testemunhas já estarem marcada antes mesmo de o
juiz analisar as respostas apresentadas pelos réus. Para a defesa do operador do PMDB, não há paridade de armas entre a acusação, que celebra acordos de delação
com pessoas como o doleiro Alberto Youssef, e a defesa, que não tem
acesso completo ao teor das declarações do colaborador. O conteúdo das
delações premiadas de Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa permanecem sob sigilo e trazem dezenas de nomes de parlamentares
que receberam propina, incluindo referências a peemedebistas que
receberam dinheiro após a atuação de Fernando Baiano. “O fato é que o
acordo de delação, na espécie, é um ‘faz de conta’ em que o conteúdo e
os termos satisfazem substancial e unicamente a acusação. Não são as
tesouras e as garras metálicas, os chicotes e as barras de ferro
aquecidas, muito próprios da Inquisição, mas um outro modo sutil e
cruel: envolvimento de familiares, manutenção sem termo em custódia,
apresentação de acusações em doses homeopáticas e perspectiva de
condenação a penas desproporcionais, de grande extensão e de extrema
gravidade; tudo aparenta um justiçamento sumário”, afirma Nélio Machado. “O segredo e sigilo de provas transforma a presente ação penal em
verdadeira ‘cruzada judiciária’. A hipertrofia da acusação é
característica de Estado autoritário, cujos instrumentos, meios e prazos
são favorecidamente postos nas mãos do Ministério Público, a quem se
concede especial privilégio e se permite grande desenvoltura para o
trabalho acusatório”, completa ele. Ao longo de sua batalha para tentar anular as informações recolhidas
pelos investigadores, os defensores de Fernando Baiano se propuseram
também a fazer uma espécie de raio-X da trajetória do juiz Sergio Moro,
levantando opiniões do magistrado sobre processos penais desde 2004. A
investida visa a apontar que ele não é “imparcial” para julgar os réus
da Operação Lava Jato. Para afastar o juiz do caso, a defesa cita
argumentos semelhantes aos apresentados por outros réus, como o fato de
Moro já ter se declarado suspeito para julgar um antigo processo contra
Alberto Youssef; de as suspeitas de crime não terem ocorrido no
Paraná; e até a tese de que um antigo processo de Youssef com o
ex-deputado José Janene, morto em 2010, deveria levar os autos para o
Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do lobista, contudo, vai
além: diz que Sergio Moro concentra o papel de acusador e julgador e
seria a encarnação brasileira da Operação Mãos Limpas, uma das maiores
operações anticorrupção da história europeia e que levou à investigação
de mais de 6.000 pessoas suspeitas de negociar propina e desviar
recursos para o financiamento de campanhas. “O que se assiste em Curitiba é a tradução ao português da 'operação
mãos limpas', a seu modo e à sua maneira, menoscabo às garantias
constitucionais. O magistrado, quem quer que seja, deve se conter, nunca
agir mediante íntima convicção, senão como elemento inerte nos autos,
imparcial no sopesamento das idas e vindas da balança do contraditório”,
critica a defesa de Fernando Baiano. “O modelo em que se inspira [Moro]
é o dos juízes acusadores, os de instrução, e não os de julgamento, que
não se envolvem com os casos que lhes são submetidos, em relação aos
quais devem ter isenção e equidistância. Fazer cruzada não é papel de
juiz, e a apologia é temerária”, completa.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
Prisão de doleiro que fez delação é limitada a 5 anos
AGUIRRE TALENTO GABRIEL MASCARENHAS RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
PF abre nova frente para apurar remessa de R$ 323 milhões
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
A vendedora de roupas Vanessa Regina de Almeida Dutra Pontes, 38, viúva e
mãe de dois filhos, com uma renda mensal declarada de R$ 1,2 mil, disse
que custou a crer na informação da Operação Lava Jato de que era dona
de uma empresa que recebeu R$ 59 milhões entre dezembro de 2012 e abril
de 2013.
"Eu chorei, chorei, preocupada com meus filhos. Eu tenho como provar que
não peguei um centavo", disse Vanessa, que reside na periferia de
Curitiba (PR). "Me falaram que tinha milhões lá. Eu falei: 'Meu Deus do
céu, vocês estão ficando loucos?'."
A empresa registrada em nome de Vanessa, a madeireira Alnapa Soluções, é
apenas a ponta de uma nova frente de investigação aberta pela Polícia
Federal sob acompanhamento do juiz de Curitiba (PR) Sergio Moro como um
desdobramento da Lava Jato.
Em novembro último, o Banco Central informou a Moro que um grupo de
cinco empresas relacionadas financeiramente com a Alnapa e uma segunda
firma, a WS Business, enviaram para o exterior US$ 124 milhões (ou R$
323 milhões ao câmbio desta quarta) por meio de contratos de câmbio
somente entre janeiro de 2012 e março de 2014.
A Fazenda informou a Moro que quatro dessas empresas "não foram
habilitadas para atuar no comércio exterior" e uma teve a habilitação
suspensa por inatividade. A PF apontou indícios de que as empresas são
"de fachada, com vultosas movimentações financeiras entre si".
A City Clean Serviços Especiais, que remeteu mais de US$ 7,8 milhões,
por exemplo, funcionava numa casa de madeira sem letreiros no bairro
Cajuru, em Curitiba.
Segundo Vanessa, ela forneceu seus dados para a abertura da Alnapa a
pedido de um conhecido, o vendedor de cosméticos Djalma Aparecido
Machado, 49.
Também localizado pela Folha, Machado disse que fez apenas uma
operação de importação, no valor de cerca de US$ 100 mil, e desconhece
todo o resto movimentado pela empresa. Ele afirmou que seus dados "foram
usados indevidamente por corretoras de São Paulo".
Machado e Vanessa prestaram depoimento à PF em novembro. A PF agora
tenta descobrir quem são os donos do dinheiro remetido ao exterior e
principalmente o destino final dos valores.
A Folha apurou que a polícia não sabe até o momento se as firmas
foram usadas para escoar propina relativa a obras da Petrobras ou se é
um outro esquema paralelo sem conexão com o escândalo da petroleira.
O esquema de remessas por contratos de câmbio também foi utilizado pelo
doleiro Alberto Youssef para enviar para fora pelo menos US$ 239 milhões
entre 2009 e 2014. Parte desse dinheiro chegou ao ex-diretor de
Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.
O sistema funciona da seguinte forma: a empresa brasileira envia o
dinheiro para o exterior sob alegação de que está comprando materiais de
empresas estrangeiras; o dinheiro é enviado, mas o material nunca chega
ao Brasil.
A Folha não conseguiu localizar os responsáveis pela City Clean,
Conferlix, DJJ, Dantas Import e Sena e Franca. A PF também continua
atrás de seus proprietários.
A pista que levou às seis empresas surgiu no depoimento do consultor
Luccas Pace Júnior, condenado por evasão de divisas em outro processo da
Lava Jato por ligação com a doleira Nelma Kodama.
Editoria de Arte/Folhapress
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Governo busca testemunhas da Lava Jato em cinco países
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
O Ministério da Justiça requisitou aos governos de cinco países
colaboração para localizar e ouvir seis testemunhas citadas em uma ação
penal da Operação Lava Jato que trata da remessa de recursos aos
exterior por meio de contratos de câmbio.
A informação foi prestada em ofício ao juiz federal de Curitiba (PR)
Sergio Moro, que conduz os inquéritos e processos da Lava Jato.
Uma das pessoas a serem localizadas é o advogado Michael Reason, que
mora em Londres, citado no processo como "responsável pela organização"
da companhia de fachada Santa Tereza, usada por Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da Petrobras, para receber no exterior recursos de propinas
relativas a obras e contratos com a petroleira.
Segundo cópias de extratos apreendidos pela Polícia Federal em São
Paulo, a Santa Tereza recebeu pelo menos US$ 18,8 milhões entre junho de
2012 e janeiro de 2014. Um dos principais depositantes foi um braço
internacional da construtora OAS, a OAS African, com US$ 4,8 milhões.
Ricardo Borges/Folhapress
O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato
O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional do Ministério da Justiça acionou autoridades da Suíça,
Cingapura, Panamá, Reino Unido e Hong Kong (região administrativa da
China) para localizar e interrogar os citados.
Além de Reason, deverão ser ouvidos dois funcionários do banco PKB
Privatbank (Suíça); um diretor de empresas no Panamá; outro responsável
por abrir duas companhias em Cingapura e um morador de Hong Kong ligado a
duas empresas exportadoras.
As pessoas foram arroladas por um dos réus no processo, João Procópio
Prado que, segundo a denúncia do Ministério Público Federal, seria
"operador das contas" de Alberto Youssef no exterior, além de
administrar empresas do doleiro –preso desde março– "em nome de pessoas
interpostas no Brasil".
Segundo a acusação, Procópio e outros promoveram, entre 2001 e março de
2014, "evasão fraudulenta de divisas" de US$ 78,2 milhões por meio de
1.114 "contratos de câmbio fraudulentos", que simulavam compra de
produtos no exterior que acabavam não chegando ao Brasil.
A acusação contra Procópio foi acolhida por Moro, que abriu ação penal.
Além dele, são réus no mesmo processo Youssef, a doleira Nelma Kodama e o
entregador de dinheiro em espécie Rafael Ângulo Lopez, dentre outros.
Moro manifestou sua "preocupação" sobre a tramitação do processo, tendo
em vista o número de 57 testemunhas arroladas por Procópio, no exterior e
em cinco Estados brasileiros: "A máquina judiciária não deve ser
movimentada à toa, com dispêndio e custos aos serviços judiciais e ao
contribuinte".
Na defesa prévia, os advogados de Procópio disseram ser "essencial a
oitiva de todas as testemunhas para o exercício dos direitos
constitucionais da ampla defesa e do contraditório". Também alegaram
"usurpação da competência" do STF (Supremo Tribunal Federal) e "ausência
de incorporação aos autos eletrônicos de todos os documentos
apreendidos".
Indagada em outubro sobre os depósitos na Santa Tereza, a OAS não se
manifestou. Procurada neste domingo (11), a empresa não respondeu até o
fim desta edição.
domingo, 11 de janeiro de 2015
Chinaglia avança após novo indício de cumplicidade entre Eduardo Cunha e doleiro
10/1/2015 14:26
CORREIO DO BRASIL - Por Redação - do Rio de Janeiro
Chinaglia falou a um grupo de parlamentares, em um encontro no Rio
Na corrida à Presidência da Câmara dos Deputados, o parlamentar
petista Arlindo Chinaglia (SP) ganha terreno sobre seu principal
adversário, Eduardo Cunha, após ter seu nome citado na Operação
Lava-Jato, da Polícia Federal (PF) e ser apontado por seu possível
envolvimento com o doleiro Lúcio Funaro, condenado no julgamento da Ação
Penal (AP) 470, processo conhecido como ‘mensalão’, segundo denúncia do
deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), em seu blog. Segundo o
ex-governador fluminense, com esses novos dados sobre possíveis negócios
escusos de Cunha, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “acerta na mosca”. – Quando fui governador, demiti o Eduardo Cunha por conta de
suspeitas graves sobre a gestão de dinheiro público – afirmou Garotinho,
em entrevista ao Correio do Brasil e ao site de notícias Conexão
Jornalismo, durante reunião de apoio a Chináglia, em um restaurante da
Zona Sul do Rio. Chinaglia foi recebido, no encontro, pelas deputadas Jandira Feghali
(PCdoB) e Clarissa Garotinho (PR) entre outros. O deputado chegou com um
atraso de três horas. Na entrevista, Garotinho antecipou razões pelas quais acredita que a
candidatura de Cunha foi gravemente atingida por documentos que revelam o
envolvimento do parlamentar na Lava-Jato. Clarissa, a escolhida pelo PR para dar as boas vindas à Chinaglia,
arrematou em público: “é inaceitável que um homem envolvido até os fios
de cabelo no escândalo Lava-Jato possa pleitear a Presidência da Casa”. Garotinho disse que a chave para chegar à parte mais sensível da
candidatura Cunha tem nome e alguns contatos políticos importantes: – Eric David Bello foi sócio da corretora de valores mobiliários
Turfa, sendo responsável por prejuízos milionários no Rio-Previdência e
na Prece, o fundo de previdência da Cedae. Ele é homem ligado a Eduardo
Cunha e está envolvido até o último fio de cabelo na Operação Lava Jato.
Eric e sua mulher foram conduzidos coercitivamente por policiais até a
sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro a fim de prestarem
esclarecimentos sobre a sua participação no caso – disse o
ex-governador. No seu discurso na Fiorentina, de onde saiu convencido de que levava
consigo o apoio de 19 dos 46 parlamentares fluminenses, Chinaglia fez um
apelo para que a sociedade se mobilize e impeça a eleição do
adversário.
– O eleitor exige exemplo de quem o representa – disse. Jandira Feghali alertou que estava em jogo mais do que uma disputa pela Presidência: – Trata-se de uma eleição. Temos que encarar com a seriedade
necessária porque não poderemos minimizar esta disputa. Uma derrota
poderá colocar em risco o crescimento que o país tem alcançado nos
últimos anos, além de comprometer a imagem do Congresso Nacional –
disse. Outros deputados e políticos presentes: o presidente regional do PRB,
Eduardo Lopes, Sóstenes Cavalcante, do PSB, Hugo Leal, do PROS, João
Batista, presidente do PCdoB, Benedita da Silva, Edson Santos, Jorge
Bittar, Fabiano Horta e Chico D’angelo, todos do PT. Jean Wyllys (PSOL),
que era aguardado no almoço, alegou problemas de agenda para não
comparecer. Mas seu colega de partido, Chico Alencar, também é
postulante à Presidência, assim como Julio Delgado e Jair Bolsonaro. A eleição deverá se realizar em dois turnos e seu término será em 2 de fevereiro. Possível derrota Ciente de que a situação, a partir do envolvimento do seu nome no escândalo Lava-Jato, tornou-se nada confortável, Eduardo Cunha já avisou que se transformará no principal opositor do governo Dilma
no Congresso caso perca a disputa. Para começar tentará fazer aprovar
uma nova investigação sobre a Petrobras. Seria a terceira CPI envolvendo
o nome da empresa. “O depoimento do policial federal conhecido como Careca, que
entregava dinheiro de propina a políticos, enviado pelo doleiro Alberto
Youssef acusa Eduardo Cunha de ser um dos beneficiários do esquema.
Careca teria levado dinheiro na casa do deputado. Mas isso é fichinha
perto do depoimento de Youssef que já teve sua delação premiada
homologada pelo Supremo Tribunal Federal. A delação do doleiro pode ser o
tiro de misericórdia na candidatura de Cunha à presidência da Câmara”,
escreveu Garotinho, em seu blog. – Como podem ver, Cunha e seu grupo agora partem para as ameaças e já
admitem uma possível derrota. É uma mudança de postura radical, antes
estavam em clima de ‘já ganhou’. Isso demonstra que Eduardo Cunha sentiu
o golpe de ter seu nome envolvido entre os supostos beneficiários de
propina do Petrolão que o MPF pedirá para serem investigados. E janeiro
está só no começo. Até a eleição, no início de fevereiro, ainda teremos
muitos rounds nessa disputa – acrescentou, na entrevista. Eric David Bello foi sócio da corretora de valores mobiliários Turfa,
“sendo responsável por prejuízos milionários no Rio-Previdência e na
Prece, o fundo de previdência da Cedae”, concluiu.