terça-feira, 27 de março de 2012


Senadores cobram explicações de Demóstenes (Josias de Souza)

O senador Demóstenes Torres (GO), líder do DEM, tornou-se alvo de cobranças pluripartidárias. Nesta segunda (26), três senadores exigiram, enfaticamente, explicações do colega sobre as denúncias que o ligam ao contraventor Carlinhos Cachoeira.
Pedro Taques (PDT-MT) discursou da tribuna: “Não podemos tapar o Sol com a peneira. O caso Demóstenes Torres é grave. Esta Casa não terá moral para intimar qualquer cidadadão a depor nas suas comissões se não ouvirmos os esclarecimentos do senador.”
Taques disse ter conversado com o próprio Demóstenes: “Disse a ele, com o respeito que tenho pelo seu trabalho [como promotor de Justiça e senador] há mais de 16 anos, que a situação é grave e merece esclarecimentos.”
“Não se apresenta como razoável que um senador da República possa trocar esse número de telefonemas [cerca de 300 ligações] com um cidadão voltado para a prática do crime”, disse Taques. “Nao se afigura como razoável que possa usar telefone [antigrampo] habilitado em Miami.”
Taques fez uma distinção entre os “campos jurídico e político”. No primeiro, disse ele, “existe o princípio da presunção de inocência”. No segundo, “temos que agir politicamente, como agiríamos com qualquer outro cidadão.”
Para Taques, “o Senado não pode se omitir.” Sob pena, de “perder a moral para intimar qualquer cidadão que, por acaso, apareça no programa televisivo de domingo envolvido em escândalos.” Referia-se às denúncias divulgadas na véspera pelo Fantástico contra o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, do PP.
“Estamos aguardando os esclarecimentos do senador Demóstenes”, concluiu Taques. “Mas não podemos apenas esperar. Até quando o procurador-geral da República irá aguardar para instalar inquérito policial em desfavor do senador Demóstenes?”, indagou.
No noticiário do final de semana, informou-se sobre a existência de inquérito enviado ao procurador-geral Roberto Gurgel em setembro de 2009. Na peça, Demóstenes é acusado de pedir a Carlinhos Cachoeira o pagamento de despesa de R$ 3 mil pelo uso de um táxi aéreo. Decorridos dois anos e meio, Gurgel nada fez.
Também o senador Jorge Viana (PT-AC), cobrou explicações de Demóstenes da tribuna. Lembrou que, quando vieram à luz as primeiras denúncias, defendeu junto aos colegas da bancada petista que não submetessem Demóstenes à condenação prévia. Recordou que foi um dos que apartearam o colega, quando ele disse da tribuna, em 6 de março, que suas relações com Cachoeira eram apenas de amizade.
Desde então, disse Viana, “o noticiário agrava a situação de Demóstenes a cada dia.” Assim, do mesmo modo que deu “voto de confiança” ao senador, pede agora que Demóstenes “volte à tribuna para se posicionar sobre os novos fatos”.
Viana soou assim: “Nós, que ocupamos mandatos, temos que dar satisfação das nossas vidas. O senador Demóstenes é, talvez, o que mais bem tem utilizado a tribuna. Nesse momento em que sua vida pública tem sido questionada, eu ficaria bastante confortável de ouvi-lo. Tem uma apreensão muito grande nesse Senado.”
Em aparte a Viana, a senadora Ana Amelia (PP-RS) endossou-o: “Não tenho compromisso com o erro. No início da sessão, fiz referência ao caso que foi noticiado pelo Fantástico envolvendo ministro do meu partido [Aguinaldo Ribeiro]. Da mesma forma menciono o caso Demóstenes, que precisa prestar os esclarecimentos necessários diante do agravamento das denúncias.”

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